O presidente argentino, Mauricio Macri, reúne-se nesta quarta-feira (16) no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro.
O futuro do Mercosul, a segurança na fronteira comum entre Brasil e Argentina e a crise na Venezuela serão os principais temas do encontro. Macri e uma comitiva de seis ministros - Fazenda, Produção, Segurança, Defesa, Justiça e Relações Exteriores - chegaram ontem à noite a Brasília.
O líder argentino busca uma sintonia com Bolsonaro, mas precisa manter uma prudente distância política. Este é um ano eleitoral na Argentina e o presidente de extrema-direita brasileiro tem péssima imagem no país vizinho.
Pode até ser que Bolsonaro não venha a fazer da Argentina o seu primeiro destino internacional, mas Macri é o primeiro presidente estrangeiro que ele recebe depois da posse, um sinal que reforça a parceria Brasil-Argentina como a mais estratégica na região.
As conversas da delegação argentina com os colegas brasileiros terão três eixos básicos: economia, segurança e justiça.
Pelo lado da economia, a Argentina precisa sair da sua recessão num ano eleitoral e, para isso, quer contar com a ajuda do Brasil. Um Brasil que cresce compra mais da Argentina. Para cada ponto de crescimento da economia brasileira, a Argentina cresce automaticamente 0,25%.
A equipe econômica de Macri quer conhecer os planos econômicos da equipe de Bolsonaro. Sem triunfos a exibir no campo econômico, a aposta de Macri para concorrer à reeleição é apontar para o combate à corrupção e à insegurança. Para isso, a reunião com o ministro Sérgio Moro é fundamental.
A Argentina quer combater o crime organizado na fronteira com o Brasil, especialmente o tráfico de drogas e de armas. Se o crime organizado não respeita fronteiras, o combate precisa ser transnacional, defendem os dois países.
Reforma do Mercosul No âmbito regional, são dois assuntos principais: o futuro do Mercosul e a Venezuela, com uma veemente condenação ao regime de Nicolás Maduro que nem Brasil nem Argentina reconhecem.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em outubro que o Mercosul não seria uma prioridade do Brasil. O bloco é uma prioridade para a Argentina, que quer ouvir do Brasil quais são as propostas para uma eventual reforma do Mercosul. Atualmente, o bloco funciona por consenso, ou seja, todos os seus membros precisam estar de acordo para que um passo seja dado.
Algumas questões estão em aberto: a eventual flexibilização dessa regra sagrada e se haverá negociações individuais de um membro com outros países e blocos. A Argentina também é a favor de uma modernização do Mercosul. Outro assunto que será posto sobre a mesa é saber se o Brasil dará ou não prioridade ao ansiado acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Macri foi o único presidente do Mercosul ausente na posse de Bolsonaro. O presidente argentino alegou que estava de férias no dia primeiro de janeiro, mas a verdade é que Macri precisa bancar o equilibrista político até, pelo menos, 16/01/2019 Macri busca aproximação cautelosa com Bolsonaro em ano eleitoral na Argentina.
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