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Macron está usando o clima como desculpa para travar acordo Mercosul-UE, diz especialista


O presidente eleito, Jair Bolsonaro, teve na última semana de novembro uma mostra das pressões externas que poderá viver a partir de janeiro.


O episódio mais evidente envolveu o presidente francês Emanuel Macron, que deu um ultimato a Bolsonaro ao dizer que para haver um acordo entre União Europeia e Mercosul era preciso que o Brasil se mantenha dentro do Acordo de Paris.


Do lado francês, eu digo claramente que não sou favorável à assinatura de um acordo comercial amplo com potências que não respeitam o Acordo de Paris e que anunciam que não vão respeitar o Acordo de Paris", disse Macron durante a cúpula do G20 em Buenos Aires.


Pelo Twitter, Macron comentou o assunto e disse que enfrenta pressões internas para cumprir o Acordo de Paris. "Mercosul, nós não podemos pedir aos agricultores e aos trabalhadores franceses que mudem seus hábitos de produção para lidar com a transição ecológica e, em seguida, assinar acordos comerciais com países que não fazem o mesmo. Queremos acordos equilibrados".


Jair Bolsonaro também escolheu o Twitter para responder o presidente francês e disse que "submeter o país a colocações de outras nações está fora de cogitação".


"Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros".


A Sputnik Brasil entrevistou um cientista político e uma pessoa ligada ao agronegócio para tentar entender o significado das declarações do presidente francês e de Jair Bolsonaro.


Para Paulo Velasco, professor da UERJ e pesquisador do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), Macron usa a questão climática como uma "artimanha diplomática para justificar em um futuro próximo eventualmente o fracasso das negociações entre a União Europeia e o Mercosul".


"Não é um acaso que vejamos a França usando a questão do Acordo de Paris para dizer que é uma condição necessária para fechamento de acordo Mercosul-UE, porque, de certa forma, não interessa a França de Macron um acordo robusto entre Mercosul e União Europeia que inclua, por exemplo, a agenda de agricultura", afirmou

Velasco citou como exemplo também as restrições impostas a importação do açúcar brasileiro pela União Europeia.


"É como se a França estivesse agora uma desculpa perfeita para não levar à frente a conclusão deste acordo, se aproveitando de um tema que ele sabe que o presidente eleito é muito defensivo", afirmou.


Hélio Sirimarco, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), usou como argumento de defesa de Bolsonaro e de uma eventual saída do Acordo de Paris que os produtores brasileiros respeitam a lei ambiental.


"Os números mostram que o Brasil é o país que mais preserva áreas no mundo. Realmente é muito cômodo esse discurso de que temos um problema de desmatamento e de que o setor agrícola não preserva as áreas. As pessoas parecem que ignoram como que funcionam as coisas.


O Brasil tem uma legislação rigorosa que obriga os produtores rurais a preservarem parte de suas áreas", afirmou.

Segundo Sirimarco, os responsáveis pelo desmatamento no Brasil não são os produtores rurais.


"O desmatamento não é praticado pelos produtores agrícolas, pelos agropecuários, o desmatamento é praticado por bandidos. A futura ministra da agricultura deu entrevista na semana passada, ressaltando esse aspecto de que são os exploradores de madeira, exploradores de minérios que fazem isso de forma ilegal", completou.


A União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — a Venezuela está temporariamente suspensa) negociam o acordo, há quase 20 anos, com base em três pilares: diálogo político, cooperação e o livre-comércio.

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