Mourão só enxerga uma possível razão para confronto com a Venezuela: se o Brasil for atacado
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse em entrevista exclusiva à BBC News Brasil que o Brasilnão fará “avanço militar sobre território venezuelano”, mas que poderá “ajudar com auxílio humanitário”.
Enviado pelo presidente Jair Bolsonaro como representante brasileiro na reunião do Grupo de Lima, que vai discutir na próxima segunda-feira (25) a crise na Venezuela, Mourão conversou por 24 minutos com a equipe da emissora britânica no fim da tarde desta quinta-feira (22).
RENOVA reproduz os comentários do general Mourão sobre o colapso da ditadura de Nicolás Maduro logo abaixo.
BBC News Brasil – Na sua avaliação, a situação da Venezuela, cada vez mais grave, pode resvalar para um conflito regional?
Mourão – Eu acho que conflito regional, não. Da nossa parte nós jamais entraremos em uma situação bélica com a Venezuela, a não ser que sejamos atacados, aí é diferente, mas eu acho que o Maduro não é tão louco a esse ponto, né.
E também vejo ali do lado mais complicado, que é o lado colombiano, acho que vai ficar nessa situação de impasse, como está.
A questão interna é um problema.
BBC News Brasil – A mensagem que ele passa ao fechar a fronteira é muito forte. O que isso significa para o governo brasileiro?
Mourão – Na minha visão, ele fechou a fronteira exatamente para impedir que os venezuelanos viessem ao Brasil para pegar suprimentos. Ele quer manter o país fechado. Por que não acredito que ele imaginasse que nós entraríamos em força dentro da Venezuela – nós já reiteramos inúmeras vezes que não faríamos isso – para levar suprimentos.
BBC News Brasil- Nesta quinta, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, anunciou que viajará para a Colômbia para participar da reunião do Grupo de Lima – para a qual o senhor também vai. O Brasil poderia fazer parte de uma operação militar para retirar Maduro do poder ou para levar ajuda? O quão longe o Brasil iria? Como o senhor vê o papel do governo Trump nesta crise?
Mourão – Primeiramente, o Brasil tem um pensamento, há anos, de não interferir em assuntos internos de outros países. Então, não fazemos nenhum avanço militar sobre o território venezuelano. Este é o ponto principal. Nós podemos ajudar com auxílio humanitário, colocando suprimentos do nosso lado da fronteira, para que os venezuelanos possam vir para o Brasil e pegar.
Sobre o governo Trump, estão fazendo as pressões que podem, no lado político e econômico, para tentar fazer Maduro sair do país para que a Venezuela possa voltar aos eixos.
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