Pesquisadores descobrem como transformar lixo automotivo em grafeno para usar em novos carros e baterias em um estudo revolucionário
Estudo inédito promete reduzir o lixo automotivo e estimular reciclagem | Foto: Canva Pro
Um grupo de pesquisadores da Universidade Rice, nos Estados Unidos, apresentou o resultado de seus estudos na busca pela transformação do lixo automotivo, ou seja, dos resíduos plásticos em grafeno. O processo de reciclagem criado é muito mais sustentável e econômico do que outros utilizados na indústria e ajuda a reduzir o lixo produzido e levado aos aterros. Além disso, serve de material base para novos carros e até baterias.
Universidade Rice, nos Estados Unidos, tem estudo inédito para reciclagem do lixo automotivo
A equipe de cientistas afirma que os resíduos plásticos, os polímeros, obtidos do lixo, podem ser aquecidos a temperaturas extremas, acima de 2.700°C, e então transformados em grafeno. Esse processo de aquecimento é conhecido pelo nome de Flash Joule e precisa de apenas 10 milissegundos para chegar na temperatura desejada.
O processo de transformação do lixo em grafeno usa temperaturas altas e trituração do material coletado
Segundo os pesquisadores, os carros possuem, em média, entre 200 e 350 quilogramas de resíduos plásticos que são descartados usualmente, após o fim da vida útil. Todavia, com o estudo realizado, a promessa é de que esse material possa ser incorporado novamente na indústria automotiva.
“Com essa técnica, não precisamos mais enterrar o lixo. Você apenas o transforma em grafeno, adiciona um novo composto e repete esse processo indefinidamente, em um sistema de reciclagem de plásticos financeiramente mais viável e amigável para o meio ambiente”. Professor de química James Tour, coautor do estudo (2022)
O processo conta com a trituração inicial dos resíduos, até atingir pedaços menores do que 1 mm de diâmetro. Em seguida, essas partículas recebem ação do processo Flash Joule, que converte a matéria em grafeno e libera os demais componentes pelo ar, como oxigênio, cloro, hidrogênio ou sílica.
Os pesquisadores ainda destacam que a pureza do material dependerá da composição dos resíduos plásticos. Por exemplo: a mistura de polietileno de alta densidade possui uma composição aproximada de 86% de carbono em massa, enquanto o cloreto de polivinila, um outro tipo de material, contém um percentual menor, de apenas 38%.
A reciclagem do lixo automotivo vai reduzir o volume enviado para aterros e aumentar a sustentabilidade
Os experimentos durante a pesquisa foram conduzidos a partir de peças plásticas residuais de picapes modelos Ford F-150, tais como revestimento das portas, assentos, juntas e carpetes. A partir dessas peças, foi realizado o procedimento descrito de trituração e superaquecimento, para então gerar peças mais resistentes em grafeno.
Contudo, a equipe de pesquisadores aponta que um problema recorrente ainda hoje é o descarte de diferentes composições das peças plásticas usadas nos veículos em aterros, causando um aumento na produção de lixo. No entanto, o processo criado é capaz de reaproveitar tudo isso que seria descartado e retornar de um modo muito sustentável para a própria indústria que o gerou.
“Esse grafeno produzido a partir do lixo plástico foi usado pela Ford para aprimorar o composto de uma espuma de poliuretano, revelando ter um desempenho semelhante ao grafeno fresco fabricado pela montadora. Isso demonstra que ele pode ser usado com sucesso em um processo contínuo de reciclagem”. Professor de química James Tour, coautor do estudo (2022)
Ou seja, esse projeto contribui para a economia e a sustentabilidade, reduzindo o volume de lixo produzido a partir do descarte de peças automotivas. Além disso, resulta na produção de um material super resistente e que serve como uma ótima base para construção de novas peças de carros e baterias altamente resistentes.
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