Alberto Pimentel defende que a sua sigla (que tem o presidente da República, Jair Bolsonaro) se una ao Democratas para derrotar o PT na eleição de 2022, quando haverá a sucessão de Rui Costa.
Fonte: Tribuna da Bahia/Osvaldo Lyra - Editor de Política
Membro da Executiva do PSL na Bahia, o secretário de Trabalho, Esportes e Lazer (Semtel) de Salvador, Alberto Pimentel, defende que a sua sigla (que tem o presidente da República, Jair Bolsonaro) se una ao Democratas para derrotar o PT na eleição de 2022, quando haverá a sucessão de Rui Costa (PT). “O rumo do PSL na Bahia é unir força com o DEM para tentar derrubar o PT no nosso estado.
Ninguém vai a lugar nenhum sozinho. Acho que unido a gente consegue mais. Obviamente, o PSL vai buscar o seu espaço. Já temos o nosso espaço e vamos buscar crescimento. Juntando isso tudo, a gente vai tentar derrubar o PT aqui no nosso estado”, declarou.
Casado com a presidente do PSL na Bahia, a deputada federal Dayane Pimentel, Alberto afirmou que Bolsonaro não irá retaliar o estado, mas ressaltou que o presidente pode beneficiar a Bahia sem ajudar o governo de Rui Costa. “Existem outras formas de beneficiar. Pode ser diretamente pelos municípios. A parceria será maior com os prefeitos do PSL e do DEM, da base aliada.
Mas, de jeito nenhum, o presidente irá prejudicar o nosso estado”, declarou. Ainda na entrevista, Alberto Pimentel defendeu que o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), seja o candidato à sucessão de ACM Neto em 2020. “Eu, particularmente, tenho simpatia por Bruno Reis. É um amigo recente. Me identifiquei de cara. Confio no trabalho de Bruno. É difícil até acompanhar o ritmo que ele vem trabalhando. Com certeza, é o vice-prefeito que mais trabalha no Brasil. A minha vontade é que ele seja o candidato de ACM Neto para a sucessão”, pontuou.
Tribuna – Como o senhor viu o resultado das urnas? E a vitória de Jair Bolsonaro?
Alberto Pimentel – A população brasileira queria uma renovação e uma mudança. Tinha muita gente decepcionada com a política e foi aí que Bolsonaro surgiu no cenário nacional com uma nova proposta. Uma proposta de renovação para a política nacional, com a proposta de princípios conservadores e liberalismo econômico. A gente sabe que no Brasil, durante um longo período, desde Fernando Henrique até antes de Bolsonaro assumir, tínhamos uma ideologia esquerdista governando o nosso país. Ficou provado que não deu certo no Brasil. Não deu certo na Venezuela e outros que seguiram esse rumo. E é uma tendência mundial. O que eu espero com o novo governo de Bolsonaro? A gente viu com a nomeação dos novos ministros que Bolsonaro trouxe quadros que as pessoas aprovaram. Não foi negociado com partido político nenhum. Foram pessoas que tinham representação. Teve alguns deputados que assumiram, mas tinham uma representação na pasta.
Tribuna – Qual a avaliação que o senhor faz dos primeiros dias de governo?
Alberto Pimentel – A avaliação que faço é bastante positiva. Acho que é a mesma avaliação que a sociedade tem feito em relação às nomeações ministeriais, mas ainda está muito no início. Posso dizer que o presidente começou com o pé direito, mas ainda está muito no início. Agora, é hora de ação. A sociedade quer uma ação rápida. O Brasil não pode esperar. Tem muitas reformas que têm que ser feitas logo agora no início do governo para que tudo dê certo.
Tribuna – Quais são os três maiores gargalos que o senhor acha que o presidente terá?
Alberto Pimentel – Acho que o presidente precisa primeiramente fazer a reforma da Previdência. Acho que é a demanda mais emergencial que o Brasil tem. Fazendo a reforma da Previdência, tudo o que governo pretende vai acontecer naturalmente. A gente tem muita coisa para mudar no nosso país, mas a gente tem que conseguir resolver o descontrole da Previdência.
Tribuna – O presidente Jair Bolsonaro foi criticado por causa do discurso bélico durante a campanha. Depois, houve uma mudança no tom. O senhor acha que a mudança é estratégica para a unidade do país?
Alberto Pimentel – Nem tudo o que presidente quer, ele consegue. Tem que passar pelo Congresso. E o presidente, por ter essa noção, talvez tenha colocado uma proposta um pouco mais suave para conseguir uma aprovação. Então, em parte, ele está seguindo o que prometeu na campanha, porém, é preciso ter aprovação do Congresso. Então, mediante as conversas que a gente houve no Congresso Nacional, ele tomou essa decisão.
Tribuna – O que o senhor pensa de postos estratégicos do governo serem ocupados por militares? Existe algum tipo de risco à democracia?
Alberto Pimentel – De maneira nenhuma. Bolsonaro justamente seguiu uma linha que muitos dos críticos não esperavam. Ele tem sido bastante democrático. Veja que ele não interferiu, diferente de outros governos recentes, na decisão da presidência da Câmara Federal e do Senado Federal. Ele deixou que, de forma democrática, os deputados e senadores escolhessem os seus presidentes. Isso prova que ele é muito democrático. Ele tem colocado militares no governo e isso, segundo os críticos, é um risco para a democracia. Mas, se você visitar qualquer centro militar, pode perceber que os militares são disciplinados, têm compromisso. Até falei lá com eles, eles tiram leite e pedra. Têm um orçamento bastante enxuto e conseguem fazer tudo de bom gosto e bem organizado.
Tribuna – Alguns ministros têm status grandes como Paulo Guedes (Economia). Qual vai ser a grande dificuldade do ministro além da reforma da Previdência?
Alberto Pimentel – A pasta do Paulo Guedes é a maior pasta. Acredito que seja a maior pasta, e depois é a do ministro Sérgio Moro. O maior desafio de Paulo Guedes vai ser a reforma da Previdência, que terá que ser discutida com os parlamentares e a sociedade. Ninguém quer abrir mão das suas vantagens. A gente vê que tem uma previdência gorda, generosa. Acho que vai haver cortes sim, principalmente, nos grupos de pessoas privilegiadas que têm aposentadoria de R$ 20 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil. Também tem aqueles aposentados que têm essa aposentadoria bastante gorda que acredito que ministro deve aumentar a contribuição deles para diminuir o rombo da Previdência. No tocante a outros assuntos, a burocracia tem interferido muito na economia. A gente vê que o Paulo Guedes quer fazer uma reforma tributária. Ele já até discutiu reduzir a carga tributária que é de 34% para 15%. Os países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, incentivam a economia não taxando tanto o setor produtivo. Então, burocracia, reforma tributária e reforma da Previdência.
Tribuna – A presença de Sérgio Moro no governo dá a garantia que de casos de malversação do dinheiro públicos não irão acontecer?
Alberto Pimentel – O Sérgio Moro também tem um grande desafio. Ele tem uma proposta, uma linha para desarticular o crime organizado, desarticular as máfias, as quadrilhas que lesam os cofres públicos. Isso terá que passar pelo Congresso. Eu acredito que com a eleição do novo presidente do Senado será mais fácil conseguir tudo isso. Tinha Renan Calheiros que estava páreo e teríamos grandes problemas se tivesse sido eleito. Acredito que Sérgio Moro, mediante a aprovação que ele tem da sociedade, vai conseguir muito apoio das ruas, e a gente tem uma chance de fazer grandes reformas.
Tribuna – Como a deputada federal Dayane Pimentel, que é sua esposa, pretende atuar para ajudar a Bahia?
Alberto Pimentel – A deputada foi eleita com votação em todos os municípios baianos. Ela tem uma grande responsabilidade por causa disto. E ela tem uma abertura junto ao governo federal. Hoje, o PSL segue também aliado ideologicamente, em parte, na agenda econômica principalmente, ao DEM. O DEM tem sido um grande parceiro e preside as duas casas no Congresso Nacional. Eu acredito que ela está mais fortalecida. Além de ter abertura com o presidente da República, também tem abertura com o DEM. Acredito que ela vai trazer muitos benefícios para a nossa sociedade, para a Bahia. Agora, recentemente tem a situação do Hospital de Paulo Afonso, que é o único hospital da cidade e está para ser fechado. Saiu uma decisão da diretoria da Chesf, que administra o hospital, de cortar os serviços e atendimentos. E assim que ela assumiu o mandato, já entrou em ação e foi ao ministro da Saúde. Já está procurando resolver essa demanda. E assim vai ser em toda a Bahia. Ela vai buscar beneficiar o nosso estado.
Tribuna – Como o PSL vai se estruturar para crescer ainda mais?
Alberto Pimentel – Quem colocou o Bolsonaro na presidência foi o povo. Ele sempre trabalhou muito e sou testemunha disto, mas o partido hoje vive uma nova realidade. É o maior partido do Brasil, ultrapassando o PT. Alguns deputados vieram para o PSL e nós temos hoje a maior bancada de deputados federais. Também é o maior partido em termos de recursos financeiros hoje. Ao mesmo tempo, vamos precisar construir em 2020 uma estrutura política sólida, elegendo prefeitos e vereadores. A gente pretende abrir espaço para a nova política, para as pessoas que ajudaram Bolsonaro. Mas também não iremos rejeitar aqueles que já estão na política. Há alguns prefeitos que querem vir para o PSL, além de vereadores. A gente vai acolher e tentar trazer um crescimento para o nosso partido.
Tribuna – O PSL vai se constituir como a terceira via de força na Bahia?
Alberto Pimentel – O PSL tem um grande desafio na Bahia. O PSL era um partido minúsculo e da base de Rui Costa. Assim que o Bolsonaro veio para o PSL, essa realidade mudou. Estamos reconstruindo o partido. Existe o PSL, de um lado, e o DEM, do outro, que é um partido que já tem história na Bahia e tem um prefeito da capital, vários prefeitos e vereadores. O rumo do PSL na Bahia é unir força com o DEM para tentar derrubar o PT no nosso estado. Ninguém vai a lugar nenhum sozinho. Acho que unido a gente consegue mais. Obviamente, o PSL vai buscar o seu espaço. Já temos o nosso espaço e vamos buscar crescimento. Juntando isso tudo, a gente vai tentar derrubar o PT aqui no nosso estado.
Tribuna – Como vai ser a distribuição de cargos federais na Bahia? Quem vai comandar?
Alberto Pimentel – Como a nossa deputada sempre falou, ela é soldada do Bolsonaro. A gente não tem preocupação com cargos. A gente quer que pessoas técnicas estejam posicionadas naquelas instituições federias para trazer benefícios para a sociedade. E que essas pessoas sejam isentas. Então, esses cargos serão preenchidos de acordo com o que nosso presidente determinar. Se o presidente determinar a missão para a deputada, ela vai fazer de acordo e alinhada ideologicamente no federal, que é colocar perfis técnicos para atender a população. Tenho certeza que a deputada será ouvida nas nomeações. É uma situação que a gente não se preocupa tanto.
Tribuna – O senhor acredita que o governo do estado pode ser retaliado pelo presidente Bolsonaro?
Alberto Pimentel – Eu tenho críticas duras a fazer ao governo Rui Costa. Na campanha, de maneira sorrateira, ele, de fato, mentiu muito. O Bolsonaro fez uma brincadeira sobre os baianos e ele [Rui Costa] levou de uma maneira pejorativa. Ele politizou a situação. Ele chegou a falar: ‘Bolsonaro, respeite o povo baiano’. O Bolsonaro não quis dizer aquilo. Muito pelo contrário. O Bolsonaro quer beneficiar a Bahia, quer beneficiar o Nordeste. É o plano dele fazer isso. Um Nordeste forte e mais rico é um país mais rico. E ele vai sim ajudar o país. Agora, para o governador Rui Costa, que levantou as críticas maldosas ao nosso presidente, resta a ele honrar o eleitorado dele. Ele criticou tanto presidente. Agora, ele vai tentar fazer o jogo duplo? Acho que isso não é muito coerente. Muitas vezes, o PT prejudica o país com o discurso de guerra de classe. Ele vai ter muita dificuldade. Não com o presidente, que não vai retaliar o nosso estado, de jeito nenhum. Até porque, o único meio de ajudar o nosso estado não é ajudando o governo do estado do PT. Existem outras formas de beneficiar. Pode ser diretamente pelos municípios. A parceria será maior com os prefeitos do PSL e do DEM, da base aliada. Mas, de jeito nenhum, o presidente irá prejudicar o nosso estado.
Tribuna – Salvador será beneficiada com alinhamento do DEM com o governo Bolsonaro?
Alberto Pimentel – É o município mais beneficiado do país. Realmente, a abertura ficou maior para Salvador. A nossa deputada federal é de Feira de Santana, mas reside em Salvador. Eu faço parte da administração pública de Salvador. O prefeito ACM Neto, que é presidente nacional do Democratas, também tem interesse que o governo dê certo. E tem os dois presidentes das casas. Então, Salvador está em posição de destaque. Agora, é a hora do prefeito pisar no acelerador.
Tribuna – Como avalia até aqui sua atuação na Semtel?
Alberto Pimentel – Pretendo fazer algo extraordinário durante a minha gestão para que fique marcado de forma positiva. Não quero fazer só o feijão com o arroz. Para isso, a gente precisa de recursos. Existe uma demanda gigante que para a prefeitura arcar sozinha fica muito pesado. Estou muito recente ainda na secretaria, mas vejo que aqui cabe um centro esportivo para deficientes físicos. A gente recentemente inaugurou a piscina olímpica. Então, pretendo fazer algo do mesmo porte na minha gestão.
Tribuna – Como o senhor viu o resultado que o governador Rui Costa teve nas urnas?
Alberto Pimentel – Acho que o governador Rui Costa tem um grande problema. Na campanha, ele omitiu muitas verdades, sobretudo, nas contas públicas. A gente vê o Planserv passando por problemas. As contas estão estouradas. Isso nos preocupa. É uma herança maldita que será entregue ao futuro governo, que a gente acredita que será o nosso. O governador não vai ter como sustentar o discurso de campanha.
Tribuna – Muitos medalhões da política não se reelegeram. Como avalia isso?
Alberto Pimentel – Foi um momento diferente da política nacional. Acredito que nunca aconteceu isso. Foi um momento extraordinário. Um partido que tinha oito deputados passar a ter 52 parlamentares. Uma eleição de presidente que não tinha apoio da grande imprensa. Que não tinha apoio dos grandes grupos políticos. É uma novidade. É um anseio da sociedade. A Lava Jato ajudou muito nisso. O Bolsonaro tem um nome limpo. Não tem nome envolvido em escândalos de corrupção. Isso beneficiou muito ele.
Tribuna – A relação do filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, causa mal-estar no governo. Como observa este cenário?
Alberto Pimentel – A gente não pode misturar as coisas. O governo não pode responder por um ato isolado. Eu acho que é prematuro fazer um pré-julgamento. Não existe denúncia do Ministério Público. Quem tem competência para falar se ele tem alguma culpa é a Justiça. A gente tem que esperar, sem especular muito. Eu sou um correligionário dele e não estou na condição de especular esse caso.
Tribuna – O PSL vai apoiar a candidatura de Bruno Reis em 2020?
Alberto Pimentel – Eu, particularmente, tenho simpatia por Bruno Reis. É um amigo recente. Me identifiquei de cara. Confio no trabalho de Bruno. É difícil até acompanhar o ritmo que ele vem trabalhando. Com certeza, é o vice-prefeito que mais trabalha no Brasil. A minha vontade é que ele seja o candidato de ACM Neto para a sucessão.
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