O jovem responsável por registrar a agressão de um policial militar fez contra um adolescente, em Salvador, foi incluído no programa de proteção a testemunhas e defensores de direitos humanos. O programa é da Secretaria Nacional de Cidadania do Ministério dos Direitos Humanos, que o acolheu a pedido do Coletivo de Entidades Negras (CEN).
Antes disso, ele já havia revelado, em entrevista à TV Bahia, que tem medo de sofrer represálias. Por isso, não voltou mais ao bairro de Paripe, no último domingo (2), onde o crime aconteceu.
"Eu tinha ido para o trabalho e quando eu estava lá, fazendo o serviço, vieram várias mensagens de pessoas falando que o policial estava procurando quem foi que tinha feito o vídeo e que poderia ter caso até de represália. Eu decidi não voltar para o bairro, não dormir em casa, porque eu não sei o que poderia acontecer", contou o jovem.
Diante da exposição do caso, o coordenador CEN, Yuri Silva, disse que a PM se comprometeu a realizar ações de conscientização com as tropas.
A AGRESSÃO
O vídeo que colocou a integridade física do jovem em risco mostra o momento em que o PM identificado como o soldado Laércio Sacramento bate no adolescente, com murros, chutes e tapas.
"Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui. Tire aí vá, essa desgraça desse cabelo aqui. Você é o quê? Você é trabalhador, viado? É?", grita para o menino durante a abordagem truculenta. Em seguida, o PM entrou na viatura e saiu do local, conforme registrado pelo jovem agora sob proteção.
Com a repercussão nacional das imagens, o comandante da PM, coronel Anselmo Brandão, se reuniu com o adolescente que foi vítima das agressões e a mãe dele para se desculpar, em nome da corporação.
O soldado já prestou depoimento à PM, mas afirma desconhecer o fato. Como ocorre em casos de denúncia, ele foi afastado das ruas e vai cumprir expediente administrativo até o fim das investigações. Brandão garantiu que ele será punido.
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