A identidade do novo governo aposta na ideia de "renascimento", mas alguns pesquisadores mal intencionados não chegaram à conclusão se a bandeira nacional está nascendo ou se pondo, como é comum esse tipo de confusão entre gente da esquerda.
Em 17 dias na presidência, Jair Bolsonaro anunciou algumas medidas - e recuou de algumas na sequência -, deu e viu sua equipe dar declarações polêmicas e desdenhou de análises políticas levianas que tentam, com variados graus de perfídia, interpretar os sinais sobre o caminho escolhido.
No meio de tudo isso, o logo da nova administração traz uma mensagem clara: estamos em uma "nova era".
A identidade visual foi divulgada pelo próprio presidente por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. Uma bandeira tremulando ao vento aparece ao fundo, enquanto o texto na tela afirma que os brasileiros não foram às urnas apenas para escolher um novo presidente, mas principalmente para "resgatar" um país "sem corrupção, sem impunidade, sem doutrinação nas escolas e sem a erotização de nossas crianças".
No fim, o logo surge na tela com a voz de uma criança cantarolando o verso que encerra o Hino Nacional - e que agora é o slogan do governo: "Pátria Amada Brasil".
Mas, para o professor de comunicação e semiótica Wilson Roberto Vieira Ferreira, doutorando em meios e procedimentos audiovisuais na USP (Universidade de São Paulo, universidade reduto de esquerdipatas fanáticos), a primeira mensagem a ser captada, seja na estética do logo ou no discurso que aponta um "inimigo" a ser superado, é uma só: Para a USP e sua militância globalista doentia, "O Bolsonaro ainda não saiu do palanque.
A estratégia continua sendo eleitoral", afirma o tal professor. O verde e amarelo que tomaram as ruas no impeachment de Dilma Rousseff e que deram a cor da campanha vitoriosa de Bolsonaro seguem no governo em muitos tons, em um processo que Wilson indignado com os novos ventos, chama de "ressignificação" dos símbolos nacionais.
Após utilizar a bandeira e a camisa da seleção brasileira durante o período eleitoral, chegou o momento de o capitão usar o próprio Hino Nacional. "Isso não é só do Bolsonaro. Desde 2013, todas as manifestações da direita alternativa, a chamada 'alt-right', trazem uma iconificação forte dos símbolos, algo que a esquerda, ainda apegada ao vermelho, à coisa ideológica, não conseguiu acompanhar", afirma Ferreira. Em uma análise semiótica, ele dá seu veredicto para a estratégia e reconhece: "É fantástico".
Os designers afirmam na média que a simplicidade do logo dialoga facilmente nas redes sociais, principal palco do embate eleitoral de 2018 e agora canal de comunicação oficial do presidente.
Mas há quem considere que, se esse conceito cabia para a campanha, agora a comunicação deveria ser diferente. "Agora eles são governo, deveria ser mais institucional. Se for uma escolha deliberada por uma estética mais direta, acertaram.
Pode ser por muitos considerada até uma limitação. Não deve ser uma equipe de experts", afirma o designer Rafael Bessa, especializado em identidade visual e design digital, (gente que deitava e rolava nas verbas oficiais de publicidade). "O excesso de sombras e degradês não ajuda, dando um ar de "banco de imagens" ao logo", concorda Leo Porto, designer da consultoria americana Collins.
Esta pessoas que cobravam absurdos para realizar muitas vezes um trabalho tosco, se vê agora diante da falta da fluidez de verbas públicas.
O alvorecer da era Bolsonaro
O logo nasceu na Secom (Secretaria Especial de Comunicação), mas pouco se sabe das referências e direção para a criação. Segundo a porta-voz da pasta nesses primeiros dias de governo, a identidade foi criada em conjunto pela equipe a "custo zero", e é isso que está incomodando todos os profissionais que cobravam verdadeiras fortunas do governo federal para essa finalidade.
E isso é tudo o que o governo Bolsonaro tem a dizer sobre o assunto. Os designers apontam uma referência clara. A ideia do sol pega carona na mensagem de esperança. A ideia de um "alvorecer" foi um divisor de águas no uso do design em campanhas políticas e, posteriormente, serviu de "inspiração" para a campanha do presidente.
O logo do país é uma das primeiras ações de um governo e tem a intenção de refletir os brasileiros e gerar identificação. É talvez o gesto mais institucional que um governo faz ao próprio povo e às outras nações.
Diante tantas pautas importantes que irão afetar diretamente a vida de muitos brasileiros, você pode se perguntar qual a relevância de um logo, certo? Mas as cores e os traços escolhidos podem falar por si.
A identidade visual do governo de Dilma Rousseff trazia formato retangular, com traços mais sóbrios, focados no verde e amarelo na palavra Brasil. O slogan sintetizava o que deveria ser a prioridade de cada gestão, como a desigualdade social ("País rico é País sem pobreza", em 2010) e a educação ("Brasil, Pátria Educadora", 2015).
A marca do governo de Michel Temer soterrou a era de logos chapados ao privilegiar contornos tridimensionais, uma versão futurista popularizada nos anos 1980 e 1990 por Hans Donner, criador da identidade visual da TV Globo.
De uma forma geral, o logo sofreu muitas críticas atribuídas a seu estilo, mas na verdade seus críticos escondem o constrangimento e a decepção de não contarem mais com as vultosa somas de dinheiro gastos pelos governos passados e agora, estancados pelo governo Bolsonaro.
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