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Bolsonaro nega ditadura militar e diz que regime teve "probleminhas"


"Onde você viu no mundo, Datena, já que você tem quase minha idade, eu sou um pouco mais velho que você, uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então não houve ditadura", disse o presidente.


Bolsonaro insistiu que o regime militar não teve uma política repressiva de Estado, argumentando que "deve ter alguém sendo torturado por aí" nesse momento e não se poderia colocar a culpa nele como presidente por isso. "Não estou dizendo que foi uma maravilha, não foi uma maravilha.


Regime nenhum... Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha. Agora entre os probleminhas que tivemos e que outros países... olha a Venezuela, que ponto chegou?", defendeu.


Bolsonaro disse ainda que se "esse pessoal que no passado tentou chegar ao poder usando as armas e que hoje estão presos, e sendo processados por corrupção", se referindo a políticos de esquerda, tivessem ganho o que chamou de "guerra", o país estaria em situação pior. "Imagina como estaria o Brasil?", perguntou.


O presidente voltou a dizer que as Forças Armadas são "quem decide se vai ser uma ditadura ou uma democracia" e são o "último obstáculo contra o socialismo". De acordo com o presidente, as "comemorações" pelo golpe serão feitas dentro dos quartéis para citar datas e "usar a verdade".


Na segunda-feira, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, confirmou que Bolsonaro aprovou a inclusão da data na ordem do dia das Forças Armadas, para comemoração do golpe de 1964.


A citação do golpe era costumeira na ordem do dia em 31 de março até 2010. Ao assumir o governo em 2011, a ex-presidente Dilma Rousseff --presa e torturada durante a ditadura militar-- vetou as comemorações, que não voltaram a ser feitas mesmo durante o governo de Michel Temer.

Segundo explicou Rêgo Barros, "o presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar", e sim que os militares se uniram para "recolocar o país no rumo".


A decisão de Bolsonaro gerou reações imediatas. Em nota, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão afirmou que é desrespeito ao Estado de Direito o incentivo dado à comemoração do golpe. "Festejar a ditadura é, portanto, festejar um regime inconstitucional e responsável por graves crimes de violação aos direitos humanos.


Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídica", diz o texto assinado pelos procuradores.


O Ministério Público Federal recomendou às Forças Armadas que se abstenham de "manifestações públicas, em ambiente militar ou fardado", em comemoração ao golpe.


O texto enviado às unidades militares recomenda ainda que as entidades identifiquem eventuais atos e militares que participem da celebração para aplicação de punições disciplinares e comuniquem o MPF para adoção de providências cabíveis.


No Distrito Federal, a juíza da 6ª vara federal Ivani da Silva Luz mandou intimar o presidente a dar explicações em ação popular impetrada pelo advogado Carlos Alexandre Klomphas, em que é pedida a suspensão de quaisquer comemorações do golpe.


Mais tarde, o vice-presidente, general da reserva Hamilton Mourão, disse a posição dos militares no próximo domingo terá um tom conciliador. "31 de março é um fato histórico, não é?


Então ele tem que ser mostrado, o que aconteceu. Cada um tem sua ótica sobre isso aí", disse a jornalistas. "Eu tenho a minha visão, olho muito assim: acho que no futuro vai ser visto que 31 de março foi o ápice das intervenções militares durante a história da República."


"Então eu acho que o que vai ser feito, em termos de ordem do dia, vai ser algo muito conciliador, não é?, Colocando que as Forças Armadas combateram o nazifascismo, combateram o comunismo, e isso é passado, faz parte da História", acrescentou.


Fonte: UOLÇ/Reportagem de Lisandra Paraguassu

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