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CRIME FEDERAL: Dados pessoais de 2,4 milhões de usuários do SUS são vazados na internet

Um banco de dados, obtido via ataque hacker, foi exposto na tarde desta quintafeira (11) em um website. Nele, constam as informações pessoais de 2,4 milhões de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), como nome completo, nomes da mãe, endereços, números de CPF e datas de nascimento.



O autor do vazamento procurou o UOL Tecnologia para avisar que publicaria os dados neste dia. Ele diz que avisou por email, em 29 de março, o Ministério da Saúde sobre a falha de segurança, mas nada foi feito --esta informação ainda não foi confirmada pela pasta.


A reportagem procurou o governo assim que soube do possível ataque, e repassou os detalhes para que a brecha fosse investigada. O Ministério da Saúde está analisando o caso internamente desde então e promete um comunicado ainda na tarde desta quinta-feira.


Por enquanto, não foi detectado um ataque ao sistema do SUS. Vazamento de dados pessoais de terceiros é crime previsto na lei de crimes cibernéticos (12.737/2012), com penas previstas que podem variar de três meses a três anos de prisão, com agravantes dependendo do caso.


Segundo a reportagem apurou, a falha estava no sistema de integração do SUS com outros aplicativos, numa parte da chamada API (sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicativos).


A API usada no sistema de cadastro do SUS, o Cadsus, tinha uma função para consulta de dados após login e senha do usuário no sistema. Mas, para chegar a isso, era gerada uma URL.


Por exemplo, o endereço "consulta.php? dados=http://xxx.xxx.xxx.xx", na qual os Xs no final do endereço são, na prática, os 11 números do CPF do usuário que fez a consulta.


A API associava o CPF do usuário aos seus dados, e retornava com os dados completos sobre ele. O invasor entendeu que isso era uma brecha e testou um algoritmo capaz de testar 300 milhões de combinações válidas, obtendo os dados pessoais dos usuários a partir do CPF de cada um deles. Apenas 1% dos usuários do sistema teriam sido expostos nesta quinta-feira.



Isso poderia ter sido evitado?


Este tipo de ataque pode ser realizado com relativa facilidade por alguém com algum conhecimento técnico, o que escancara a gravidade do problema. Especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia explicam que os usuários não poderiam ter feito nada para se prevenir, já que o problema foi no servidor de dados do SUS.


O que devem fazer agora é mudar senhas e monitorar suas contas. "Se dados pessoais vazam, os hackers podem usá-los para tentar hackear outras contas, para chantagem ou roubo de identidade", diz Martin Hron, pesquisador de segurança senior da Avast.


No entender de Hron, o fornecedor do sistema do SUS deveria ter feito mais atualizações, incluindo a criptografia da comunicação e a mudança de HTTP para HTTPS. "A forma como o sistema identifica a sessão de um usuário logado deve ser alterada, pois é muito previsível e pode ser facilmente abusada", alertou.


Cecília Pastorino, pesquisadora de segurança da ESET, diz que faltou uma auditoria de segurança, que poderia ter evitado a brecha. Segundo ela, os especialistas procuram vulnerabilidade, tentam explorá-las e medem o impacto de cada uma delas.


"Esse tipo de auditoria é muito importante e evita que aplicativos sejam publicados na internet com sérias falhas de segurança, que poderiam ter sido facilmente identificadas em uma análise anterior", afirma. O Ministério não respondeu se houve essa auditoria.




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