Com tantas notícias sobre corrupção envolvendo o PT e uma série de políticos investigados na Lava Jato, a imprensa parece que se esqueceu do ex-ministro Paulo Bernardo (PT-PR), marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Apesar de ter sido solto por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, ex-advogado do PT, Paulo Bernardo foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva, no âmbito da Operação Custo Brasil, desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato.
Ele ainda é réu na ação penal e pode voltar a ser preso a qualquer momento. Vale lembrar que a interação de Paulo Bernardo com a organização criminosa que desviava dinheiro de aposentados e servidores endividados que contraíram empréstimos consignados nos últimos seis anos é apontada pela Polícia Federal como crucial.
Bernardo era ministro do Planejamento do governo Dilma e o crime foi organizado em seu ministério. Segundo a PF, as investigações mostraram indícios de materialidade e autoria de Paulo Bernardo.
O esquema de Bernardo era baseado no pagamento de propina a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, relacionado a contratos de prestação de serviços de informática, entre os anos de 2009 e 2015.
A empresa contratada para o serviço, o Grupo Consist, cobrava mais do que deveria e repassava 70% do seu faturamento para o PT e para políticos, segundo informaram a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público Federal.
A propina paga teria chegado a cerca de R$ 102 milhões. "Dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados", disse o superintendente da Receita Federal em São Paulo, Fábio Ejchel. Segundo a Polícia Federal, 80% do dinheiro foi entregue ao PT, por determinação do ex-tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Bernardo teria ficado com cerca de R$ 7 milhões de reais.
O relatório diz que as propinas "superam R$ 102 milhões" apenas no âmbito do esquema Consist. A PF indica "risco à ordem econômica" por causa da fraude com empréstimos consignados - a empresa teria cobrado dos servidores uma taxa de administração em valor quatro vezes maior que o de mercado.
PF identificou pagamentos feitos ao ex-ministro em cerca de 100 notas fiscais apreendidas, totalizando um repasse de R$ 7.170.031,74 milhões para o escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que prestou assessoria jurídica à campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Bernardo.
O detalhe que estão se esquecendo é que, após ter sido indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva e por integrar organização criminosa, Bernardo está nas mãos do Ministério Público Federal e pode voltar para a prisão em breve.
"Independentemente se a vantagem for de caráter partidário ou pessoal, Paulo Bernardo obteve vantagens relacionadas ao contrato", diz um trecho do relatório encaminhado à Justiça Federal, agora sob análise da Procuradoria da República em São Paulo.
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