A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu que o petista Paulo Pimenta seja investigado por lavagem de dinheiro, estelionato e ocultação de bens.
Dodge pediu que os autos sejam imediatamente enviados para a Justiça Federal do Rio Grande do Sul.
Conforme noticiado pelo Conexão Política, Paulo Pimenta foi acusado pelo próprio primo de comandar um esquema de fraudes milionárias.
Entenda o caso
Líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta foi acusado por Antônio Mário Pimenta, seu primo, de ser operador de um sistema de fraude que lesou diversos produtores rurais na cidade de São Borja em danos de pelo menos R$12 milhões de reais, informou o G1.
Arrozeiros que trabalham na cidade afirmam ter sofrido um golpe após a venda da produção para uma arrozeira. Eles entregaram os cereais, só que não receberam nenhum pagamento.
Agropecuarista, Odon Motta dos Santos procurou o administrador da empresa na época, Antônio Mário Pimenta, que informou que Paulo Pimenta era o verdadeiro dono do negócio.
“Eu vasculhei Rio Grande, vasculhei Porto Alegre, vasculhei tudo que é parte que eu podia. Pedi ajuda, e o arroz não apareceu, simplesmente sumiu. Se eu não vendi e sumiu isso, é puro mérito do roubo”, disse Odon.
Paulo Pimenta é investigado no Supremo Tribunal Federal desde 2012 pelo crime de estelionato. Segundo a Procuradoria-Geral da República, existem indícios que apontam o deputado como verdadeiro proprietário da arrozeira em questão, ou, ao menos, responsável em algum grau pelas fraudes noticiadas.
Antônio admitiu as ligações com a empresa à RBS TV, emissora local de São Francisco de Assis. Declarou que assumiu a arrozeira porque foi convencido pelo primo, que prometeu ser “um bom negócio”.
Na época, Pimenta havia dito ao primo que tinha realizado uma negociação de arroz avaliada em R$8 milhões.
“De fato, era um negócio fantástico, um negócio de 200 mil sacos de arroz, pegando uma empresa capitalizada.
É praticamente um ano inteiro sem ter que comprar arroz.”
De acordo com Antônio, Paulo Pimenta seria o operador do esquema do qual também faziam parte um advogado e lobista de Brasília e o ex-diretor de infraestrutura do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Hideraldo Caron – afilhado político de Pimenta. Por suspeitas de corrupção, Caron deixou o governo Dilma em 2011.
Após um tempo, o primo de Paulo Pimenta descobriu que a tal carga de arroz avaliada em R$8 milhões sequer existia. Descobriu que os documentos da negociação eram todos falsos.
Na ocasião, A empresa certificadora, Clacereais, foi alertada por Antônio e denunciou o caso à Polícia Federal em 2009.
“Vimos que os documentos não eram legítimos e que tinha sido furtado documento interno da empresa, com falsificação dos resultados que até não condizem que as especificações técnicas do produto em questão”, afirmou Edemundo Rodrigues Garcia, dono da Clacereais.
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal proferiu decisão negando o arquivamento da investigação e remetendo o processo à Justiça Federal de Uruguaiana.
Antônio contou que nas poucas vezes que a arrozeira chegou a dar lucro, o dinheiro era depositado ou transferido para a conta de um posto de gasolina de Paulo Pimenta, localizado na Zona Norte de Porto Alegre e avaliado em R$ 485 mil.
Durante a campanha de 2014, o posto chegou a fazer uma doação de R$15 mil para a campanha do petista à Câmara.
“Ele [deputado] pediu para fazer umas remessas, não sei se ligada a ele, para um posto de gasolina em Porto Alegre.
Umas três ou quatro remessas, talvez mais, faz muito tempo, no valor de R$ 30 mil, R$ 40 mil, na época”, contou o primo de Pimenta.
As remessas eram feitas sempre em pequenas quantias, de forma fracionada, por orientação do deputado.
Antônio afirma que nunca teve a intenção de enganar os produtores, mas admite que houve má gestão na empresa e que transações eram feitas para “cobrir rombos anteriores”.
“Quando tu estás no negócio, tu não estás pensando, tu não faz de sã consciência, tentando dar golpe. Caso contrário, nem estava aqui, tentando reverter o prejuízo”, afirma Antônio.
“Só do meu próprio bolso já perdi pra mais de R$ 300 mil, R$ 400 mil entre [ações] trabalhistas e coisa que foram pagas. Eu paguei [algumas dívidas] vendendo gado, eu sou produtor, minha origem é dentro de uma cooperativa, eu sou veterinário de formação, eu sei onde é que arde”.
Paulo Pimenta negou todas as acusações.
“Esse assunto não me diz respeito, não existe nada no processo que me vincule a essas denúncias, essa investigação tem mais de 10 anos.
Nós temos certeza da nossa absoluta inocência nesse processo, da manipulação que está sendo feita envolvendo o meu nome e o nome de outras pessoas.
E ninguém mais do que eu quer que esse processo seja concluído o mais rapidamente possível”, declarou o petista.
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