Planilhas apreendidas mostram distribuição mensal de dinheiro para vereadores e corrupção que variava até 20% de contratos com empresas. O pai do prefeito e presidente da Câmara é um dos 22 vereadores citados no esquema.
Os delegados da Polícia Federal afirmaram que o prefeito de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), continuou comandado esquema de propina e corrupção na cidade da Grande São Paulo mesmo após ter sido preso em maio de 2018 por fraudes em contratos para merenda e uniforme escolar.
Jacomussi e o ex-secretário de governo da cidade João Eduardo Gaspar foram presos nesta quinta pela PF novamente.
A defesa do prefeito diz que PF só “requentou” fatos já revogados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após ele ser solto por um habeas corpus pela corte em junho. (veja nota abaixo). O advogado de Gaspar disse, por telefone, que está tomando ciência das acusações para depois se manifestar.
Segundo o delegado Marcelo Ivo de Carvalho, delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF, durante a operação Prato Feito, em maio, foram localizadas na casa de Gaspar planilhas que indicavam o recebimento de propina de 9 empresas, que foram privilegiadas em contratos com a Prefeitura. Nas planilhas havia também o registro do pagamento mensal de propina a 22 dos 23 vereadores da cidade, que tiveram os gabinetes vasculhados pela PF nesta quinta.
“O que mostra é o seguinte: o dinheiro, esses 20%, entrava no caixa do esquema e depois era distribuido aos vereadores, aos servidores. Tudo indica que era um mensalinho. Mas o dinheiro que entrava era um percentual dos contratos que as empresas tinham com a prefeitura. Depois que esse dinheiro entrava, ele era distribuído. Aí, cada um tinha uma participação, alguns mais, outros menos, e os valores estão todos discriminados na planilha”, disse.
Carvalho salienta que, mesmo após a prisão em maio, o prefeito continuou orquestrando o esquema de corrupção, o que impediu que ele fosse cassado em dois processos de impeachment que tiveram em andamento na Câmara Municipal. “O prefeito avalizava o pagamento”, disse o delegado.
“No decorrer das investigações, foram identificados pagamentos para fuincionários públicos e 22 dos 23 vereadores da cidade, para apoio político e aprovação dos projetos. Inclusive o prefeito foi objeto de dois impeachments”, disse o delegado. “Após ele ser solto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as investigações apontam que continuaram os direcionamento de editais e as irregularidades nos contratos.
O prefeito continuava influenciando nas contratações irregulares”, disse o delegado. As 9 empresas alvo da operação da PF e suspeitas de pagar propina em troca de contratos com a Prefeitura foram proibidas pela Justiça de contratar com o poder público municipal. Dois servidores foram afastados.
A PF cumpriu ainda mandados de busca na Prefeitura de Mauá, na sede da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) e na casa de Ione Scapinelli, coordenadora da Secretaria de Governo de Mauá, e um no Espírito Santo. No total, são 54 mandados de busca e apreensão.
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