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"Nunca houve tanta pressão sobre a Lava Jato", diz Dallagnol


O procurador federal Deltan Dallagnol Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

O procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, afirmou hoje que a operação passa por uma pressão sem precedentes em seus cinco anos de história.


Segundo ele, as decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra a operação prejudicam o trabalho da força-tarefa e de todos os esforços de combate à corrupção no país.


"Nunca houve tanta pressão sobre a Lava Jato como nesta semana", afirmou Dallagnol, em entrevista após ato de apoio à Lava Jato realizado pela ANPR na sede do MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba.


Participaram do evento, representantes da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), da Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público) e do CNPG (Conselho Nacional de Procuradores-Gerais).


O presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, afirmou disse em discurso que as decisões do STF e da PGR (Procuradoria-Geral da República) contrárias à Lava Jato estão relacionadas a um movimento para desmoralizar a operação. "Há uma tentativa de desmobilizar e desmoralizar a Lava Jato", afirmou.


Na quinta-feira (14), o STF decidiu que a Justiça Eleitoral é quem deve julgar casos envolvendo crimes que tenham alguma relação com delitos eleitorais, como o caixa 2, contrariando manifestações públicas de membros da força-tarefa da Lava Jato.


Para os procuradores da operação, investigações de crimes não eleitorais, mas de alguma forma ligados à eleição, deveriam ser julgados pela Justiça Federal.


José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR Imagem: Divulgação/ANPR

Segundo os procuradores, crimes de caixa 2 eleitoral, por exemplo, frequentemente estão relacionados a crimes de corrupção. Eles dizem que a Justiça Eleitoral não tem estrutura nem especialistas para julgar esses tipos de crime.


Eles queriam, portanto, que os crimes de corrupção fossem avaliados por varas especializadas da Justiça Federal, deixando só o caixa 2 para a Justiça Eleitoral --o que acabou negado em decisão do STF.


No julgamento, o ministro do STF Gilmar Mendes chegou a chamar membros da Lava Jato de cretinos. Para Robalinho, as palavras são inadmissíveis. Já a decisão do STF, foi "pouco pensada". "O trabalho contra a corrupção política não vai mais ser o mesmo.


Precisamos reconhecer que muito saiu de nosso controle", complementou Dallagnol. Já na sexta-feira (15), o ministro do Supremo Alexandre de Moraes suspendeu o acordo que a Lava Jato tinha fechado com a Petrobras e autoridades dos Estados Unidos para a utilização de R$ 2,5 bilhões recuperados pela operação na criação de uma fundação para, entre coisas, combater à corrupção.


A suspensão do acordo atendeu a um pedido da própria PGR, feito na terça-feira (12). Para Moraes e a PGR, a criação da fundação com os recursos obtidos pela Lava Jato é inconstitucional, já que daria ao MPF o poder de decidir sobre recursos que não pertencem a ele.




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